Meio Ambiente e Construção

Notícia de 6/5/2016

 

Muitas famílias vivem sob stress nas capitais brasileiras enquanto desejam morar nos sítios e chácaras da família que conseguem visitar nos feriados e alguns finais de semana, mas não conseguem encontrar uma forma de viabilizar uma transição para morar de vez na zona rural. Existem muitas oportunidades para negócios, veja como empreender nos sítios e terras da família!

 

Vida na Zona Urbana

Em 2012 pela primeira vez na história da humanidade, a população urbana ultrapassou a população rural. Este aumento na densidade demográfica no meio urbano, somado à uma política econômica mundial movida pela indústria do automóvel e do petróleo estão tornando as cidades cada vez mais insuportáveis: excesso de poluição, engarrafamentos cada vez maiores e velocidades médias cada vez menores , além do custo de vida cada vez mais alto.

Este fatores têm levado muitas pessoas a tomar uma decisão que vai na contra-mão da tendência mundial: mudar da cidade grande para o interior ou áreas rurais. No estado do Rio de Janeiro,  morar na capital tem se tornado cada vez mais inviável devido ao custo de vida em muitos bairros ser maior do que morar em Madrid ou Barcelona.

Aproveitando a especulação imobiliária, muitos cariocas têm colocado seus apartamentos à venda e utilizado a quantia para mudar da capital para o interior ou zonas rurais onde os imóveis chegam a ser 50% e muitas vezes 80% mais baratos, restando ainda um capital para poder ser utilizado na implementação de um novo negócio.

 

Tornando a terra produtiva

O sonho de sair da cidade grande têm motivado muitos brasileiros a se informarem mais sobre alternativas como comprar uma terra em conjunto com amigos para fundar comunidades, condomínios sustentáveis e até mesmo ecovilas. O desejo de mudar de vida têm movido milhares de pessoas no fluxo reverso. Muitas pessoas passaram a dar valor àquele sítio da família esquecido, procurando formas de gerar renda a partir da terra.

Depois que Pedro Paulo Diniz e sua esposa Tatiane Floresti trocaram uma vida de glamour pela vida de produtores de orgânicos com o grande case de sucesso “Fazenda da Toca”, muitas pessoas tem olhado com mais atenção para aquelas terras improdutivas da família.

A agroindústria tenta vender a grande falácia de que são os grandes produtores que abastecem as mesas dos brasileiros mas na verdade o governo federal confirma que 70% dos alimentos que estão em nossa mesa são provenientes da agricultura familiar.

Em Cuba durante a dissolução na União Soviética na década de 90 e a perda dos subsídios que recebia da falida grande-potência, muitas pessoas tiveram que produzir seus alimentos para literalmente não morrer de fome. E em poucos meses os agricultores eram as pessoas mais ricas da sociedade cubana, uma vez que não precisavam usar a escassa moeda em alimentos e em pouco tempo Cuba possuía quiosques de frutas, verduras e legumes orgânicos por todo país, mostrando que é possível produzir em escala alimentos orgânicos com a agricultura familiar.

Em alguns países como EUA e Alemanha, já faz algumas décadas temos o sistema conhecido como CSA ou Community Supported Agriculture, traduzido como“comunidade apoia o agricultor.” O sistema consiste num grupo deconsumidores que se responsabilizam por manter as despesas de uma família de produtores em troca de receber periodicamente uma cesta com a colheita diversificada cultivada pela família que resolveu fazer a transição.

Além do CSA, existem muitas formas de facilitar o ingresso de interessados no ramo de produção de orgânicos, como as cooperativas, muito comuns no sul do país, programas de apoio dos governos federal e estadual com financiamento sem juros por exemplo e até mesmo subsídios a fundo perdido, como o caso do programa “Rio Rural”.

Se você acha que não leva jeito para produção de alimentos, não se desespere! Existem diversas outras formas de empreender em seu sítio.

Marta Abranches e Angelo Rayol eram dois estudantes que moravam na capital do Rio de Janeiro. Após a gravidez de Marta o casal precisou arregaçar as mangas para gerar alguma receita para fazer um pé-de-meia para a chegada de sua filha. Marta sabia algumas receitas de família e começou a fazer conservas de origem vegetal para vender.

 

Loja - conservas origem vegetal

 

Com o passar do tempo a produção foi aumentando e conseguiram comprar um sítio em Lumiar. O negócio de conservas cresceu e foi batizado de “Conservas Mistura Fina” tendo recebidos prêmios em festivais de gastronomia. A produção começou no sítio, conta o casal, e acabaram abrindo uma agro-indústria na área urbana de Lumiar, porém o sonho do casal é voltar com a produção para o sítio Abaetetuba, explorando também outros potenciais da propriedade, como o ecoturismo.

Outros casais ou até pessoas solteiras que gostam de cozinhar ou recepcionar pessoas têm buscado estabelecer pousadas e hostels ecológicos, ou “ecohostels”. Com o advento da internet e sites de hotelaria e hostels, tem sido cada vez mais fácil garantir uma boa taxa de ocupação em estabelecimentos deste tipo, desde que seja realizado um programa ativo de marketing receptivo não só para os brasileiros mas também para os turistas estrangeiros, que estão cada vez mais interessados em conhecer um Brasil diferente daquele vendido nas agências de turismo.

Indivíduos com um dom nato de cura também tem buscado estabelecer centros de Yoga, alimentação detox, massagens e terapias holísticas. Uma pequena chácara com alguns bangalôs e uma ala de terapias, caso tenha um planejamento permacultural para ser executada com técnicas de arquitetura de baixo impacto e baixo custo, pode se tornar num verdadeiro oásis tanto para quem visita quanto para quem reside e toca o negócio.

As vezes amigos ou casais que possuem uma afinidade podem fazer uso compartilhado de uma mesma terra. Isto traz inúmeras facilidades como o rodízio de pais para tomar conta das crianças, compras coletivas de alimentos em atacado direto de cooperativa de orgânicos, uso compartilhado de veículos ou ferramentas e em muitos casos um trabalho coletivo, como por exemplo relacionado a produção de peças artesanais dos mais diversos tipos, como peças de tecelagem, luminárias, sabonetes artesanais e uma infinidade de produtos para aqueles que se sentem mais realizados com uma produção artística.

Produtor rural, proprietário de uma agro-indústria, pousada ecológica ou hostel, terapeuta holístico ou artesão, o resgate da vida na natureza com trabalhos arquetípicos marcados no inconsciente humano têm sido uma grande oportunidade que tem possibilitado milhares de pessoas todos os anos a realizarem o êxodo urbano.

 

Fonte:  Viver fora do sistema