“Buildings that actively promote health and wellbeing of the occupants should be an integral part of every design and the WELL Standard outlines a great methodology to achieve this”.
“Edifícios que promovem ativamente melhorias para a saúde e o bem-estar dos ocupantes devem ser parte integrante de cada projeto, e para isso, o Padrão WELL descreve uma excelente metodologia”.
Pallavi Mantha, Consultora de Sustentabilidade e Energia da Arup NY, LEED AP e Provisional WELL AP.
Por que mais uma certificação no mercado?
A resposta mais simples e direta seria que nenhuma certificação coloca as pessoas em 1º plano, valorizando a experiência e percepção do usuário no ambiente construído.
Mas há muito mais valor agregado nas entrelinhas… passamos grande parte de nossa vida em ambientes construídos. Estima-se que mais de 90% de nosso tempo. Portanto, a qualidade dos espaços tem um impacto direto em nossa qualidade de vida, saúde, bem-estar e produtividade. Todos empresários sabem que o maior ativo de empresa são seus funcionários, e que estes, representam o maior custo operacional. Considerando um ciclo de vida de 30 anos de um edifício de escritórios, o custo com funcionários pode chegar a até 92%. (Sustainable Building Technical Manual/ Joseph J. Romm. “Lean and Clean Management”, 1994).
Arquitetos e engenheiros podem impactar na vida das pessoas e torna-las mais felizes e saudáveis? A resposta já é conhecida desde os anos 80, quando começou a discussão da síndrome do edifício doente. Com resultado desta discussão diversas normas foram criadas, impondo ventilação mínima aceitável; limites de toxidade de materiais; etc.
Nas últimas décadas, os estudos sobre impacto do ambiente construído e a saúde dos usuários comprovaram que os edifícios possuem impacto muito maior nas pessoas que se apropriam do espaço. Pacientes que tinham vista para paisagens e com natureza tinham uma recuperação mais rápida; trabalhadores que habitam ambientes com maior renovação de ar tinham uma reduziam a quantidade de faltas por motivos de saúde em até 35%. Além do que espaços desenhado com o foco no bem-estar dos usuários que podem aumentar em até 22% a produtividade dos funcionários, segundo pesquisa conduzida pela Gensler “The Gensler Design + Performance Index, The U.S. Workplace Survey” (2006). A mesma pesquisa também identificou que 90% dos funcionários admitem que sua atitude no trabalho é afetada pela qualidade do ambiente de seu escritório.
Em 1999, American Society of Interior Designers também realizou um estudo sobre a retenção de talentos nas empresas, a pesquisa “Recruiting and retaining qualified employees by design. ” (1999) aponta que a sensação psicológica sobre ambiente de trabalho é um dos fatores que mais afeta a satisfação em relação ao trabalho e que 50% das pessoas procura empregos nos quais se sintam confortáveis no ambiente de trabalho.
Em resposta a esta crescente demanda, o International Building Institute (IWBI) juntou-se com Green Building Certification Institute (GBCI), responsável pela certificação LEED, para promoção da certificação WELL. Ou seja, o WELL foi uma iniciativa pioneira e reconhecendo o valor e importância do tema, o UGBC apoia e promove o WELL.
Certificação WELL x LEED
Há um movimento emergente para implementar mais estratégias voltadas ao meio ambiente, focadas em sustentabilidade, saúde e bem-estar no ambiente construído. O movimento de sustentabilidade tem se centrado sobre o desempenho ambiental, que é um aspecto distinto e importante da construção de design. Este aprendeu a distinguir exemplos de greenwashing (que são iniciativas autodenominadas sustentáveis, porém sem nenhum fundamento), e criou benchmarks através de sistemas de classificação de construções sustentáveis, iniciativas para saúde e bem-estar que se beneficiarão da aplicação de estratégias baseadas em pesquisa científica e padrões de uso.
Neste ponto, os leitores devem estar se perguntando se estamos nos referindo a certificações ambientais como LEED e Aqua ou sobre o WELL. Na verdade, sobre ambas. Todas as certificações foram criadas como ferramenta para parametrizar e diferenciar estratégias ou empreendimentos sustentáveis aos que se autodenominam sustentáveis.
Já é de conhecimento comum, que a certificação LEED foi criada para que empreendimentos possam medir seu nível de sustentabilidade, em relação aos demais empreendimentos de mesma categoria: interiores; construções novas; operação; etc. O foco da certificação LEED é fundamentalmente as emissões de CO2 e utilização de recursos naturais (energia; materiais; água) enquanto menos de 28% de seus requisitos é focado na saúde e bem-estar dos usuários (LEED v4).
Para complementar a certificação LEED, a certificação WELL, desenvolvida no Instituto Internacional de Edificações WELL, é um novo padrão voltado inteiramente para a saúde e o bem-estar dos ocupantes do edifício. A aplicação de métricas e mensuração de resultados será uma parte importante para impulsionar o movimento de saúde e bem-estar para a frente. O World Green Building Council tem incentivado as empresas a se concentrar mais em como o design pode melhorar estes 3 pilares (saúde, o bem-estar e a produtividade) do colaborador, e sugere incorporar métricas que abordem resultados físicos, perceptíveis e financeiros (WGBC, 2014).
A implementação bem-sucedida de estratégias de saúde e de bem-estar vai exigir tanto uma melhor compreensão da investigação em ciências médicas relacionadas e uma colaboração mais profunda entre proprietários, arquitetos, engenheiros, empreiteiros e gerenciamento de instalações para identificar os critérios de projeto que vão além do conforto e do edifício e, adicionalmente, incorporar customização e experiência do usuário no espaço construído. Através da incorporação de inicitativas para a saúde e bem-estar na vanguarda do design, o objetivo é criar ambientes melhor construído para as pessoas.
Resumindo, WELL e LEED tem propostas e abordagens bem distintas para medir a sustentabilidade dos empreendimentos. Qual é a ideal para os empreendimentos? Ambas, pois são certificações complementares. O WELL é o enfoque humano que faltava nas certificações ambientais, e aqui podemos incluir não apenas LEED, mas também BREEAM, AQUA, Living Building Challenge.
Para melhor exemplificar: as certificações ambientais (LEED) tem como foco a quantidade de água potável consumida, e o WELL tem o foco humano, cuja preocupação será com a qualidade desta água consumida.
LEED
- Foco no desempenho ambiental;
- Consumo de recursos;
- Categorias: Terreno, Consumo d’água, Energia, Materiais, Qualidade do Ambiente construído;
- Requisitos de projeto;
- Conforto baseado em parâmetros de projeto.
WELL
- Foco nas pessoas;
- Qualidade dos recursos;
- Categorias: Ar, Água, Nutrição, Iluminação, Condicionamento físico, Conforto, Mente;
- Baseado na performance apresentada em teste no local;
- Conforto baseado em elementos físicos e não físicos.
Fonte: Blog GBC Brasil